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Quinta-feira, 19 de Dezembro de 2024

Usina de Itaipu conclui modernização do Sistema de Telemetria Hidrometeorológica

STH fornece as informações que possibilitam a supervisão da operação hidráulica da usina e auxilia no planejamento e programação da geração

O novo Sistema de Telemetria Hidrometeorológica (STH) da usina de Itaipu está contribuindo para a otimização da produção de energia e a segurança operacional. O sistema entrou em operação em 26 de agosto, após o período de operação assistida e testes de disponibilidade, ratificando um trabalho intenso que envolveu não só a Diretoria Técnica da Itaipu, mas também equipes de outras Diretorias.

A modernização do sistema STH começou em outubro de 2020, sob coordenação da Superintendência de Engenharia, e envolveu todas as superintendências da Diretoria Técnica em um trabalho conjunto de brasileiros e paraguaios.

Ao longo do projeto, 40 estações remotas foram substituídas por modernas unidades e 18 novas estações foram instaladas, resultando em uma nova rede de 58 estações. Essas estações são equipadas com dispositivos que permitem comunicação via satélite, utilizando o serviço INMARSAT, ou, em alguns casos, comunicação por rádio.

Além disso, as estações consideradas mais críticas possuem unidades de backup para garantir o funcionamento em caso de falha, como as estações R11-Monday, localizada logo após a confluência dos rios Paraná e Iguaçu, e de Puente de La Amistad.

Além das estações, o servidor onde roda a aplicação utilizada para o gerenciamento e obtenção das informações foi modernizado e atualmente se encontra virtualizado em uma estrutura robusta e resiliente provida pelo SIRI – Sistema Integrado de Rede Industrial.

O coordenador do projeto de implantação do novo sistema, Galileu Godoy Terada, da Divisão de Engenharia Eletrônica e Sistemas de Controle da Itaipu, comenta: “Este é um projeto de gerenciamento complexo, pois envolve contratos interdependentes e equipamentos distribuídos em locais fora da Usina Hidrelétrica de Itaipu”.

Além disso, Galileu destaca que o sistema é estrategicamente importante para Itaipu, integrando-se ao sistema de supervisão, controle e aquisição de dados (da sigla em inglês, SCADA) e às aplicações do SOM (Sistemática de Operação e Manutenção). Para ele, a adoção de novas tecnologias, como ambientes virtualizados para os servidores, trouxe ainda mais desafios. “Na minha opinião, o sucesso alcançado deve-se à parceria estabelecida com o colega Wilson Vicente Cáceres Marecos, coordenador do projeto pelo lado paraguaio, e ao comprometimento de toda a equipe designada. Todos estavam totalmente engajados no êxito do projeto.”

Para aprender a utilizar o sistema e aproveitar todas as suas capacidades e funcionalidades, bem como para garantir sua operação e a manutenção adequadas, a equipe Itaipu recebeu treinamentos específicos.

Estações mais robustas

Para permitir a realização do projeto foi necessária uma importante ação estruturante: a reforma dos abrigos civis destinados à instalação dos postos remotos. O planejamento para a contratação das obras teve início em meados de 2018, com visitas em todas as estações para levantamento dos serviços necessários. Após essas visitas, foi verificado que a melhor opção executiva era construir uma estação mais robusta, que suportasse as cheias e, também, o peso dos equipamentos. Com isso, a primeira ideia de reforma foi substituída com a construção dessa nova estação.

Assim, além da instalação do novo sistema, houve a modernização da estrutura civil e eletromecânica dos abrigos das estações remotas do STH. Em colaboração entre as quatro superintendências da Diretoria Técnica, foi desenvolvida uma nova solução que permitiu dinamizar a localização dos abrigos, substituindo as estruturas civis de alvenaria ou pré-moldado por estruturas metálicas do tipo poste. Essa nova abordagem possibilitou a alteração da altura da caixa protetora dos equipamentos nas estações remotas, proporcionando maior proteção contra vandalismos e cheias históricas. A atualização das estruturas civis das estações remotas foi realizada em paralelo ao projeto digital do STH, nas bacias de interesse da Itaipu, tanto no Paraguai quanto no Brasil.

A contratação dos serviços foi dividida em dois pacotes: uma para as estações localizadas na margem esquerda (brasileira) e outro para as da margem direita (paraguaia). Na margem brasileira foram reformadas/construídas 40 estações, enquanto na paraguaia, 18.

Desafios: locais remotos e uma pandemia

Houve diversas complexidades para a execução das obras, desde secas a cheias, bem como dificuldades de acesso aos locais, que eram, em muitos casos, bastante remotos, como as estações localizadas no Parque Nacional de Ilha Grande.

As obras começaram em outubro de 2020, em meio à pandemia de covid-19, desafiando as equipes em realizar viagens e fiscalizar os trabalhos com as restrições que havia na época. Os fiscais Lindomar Horst e Solon Nascimento, ambos da Divisão de Montagem Eletromecânica, e Everson Pereira, da Divisão de Obras Civis da Superintendência de Obras, se revezavam entre idas e vindas.

Em maio de 2021 foram entregues as estações localizadas no Paraguai e, em setembro de 2023, as localizadas no Brasil.

Trabalho conjunto

Na Diretoria Técnica, além da Superintendência de Engenharia, o projeto contou com a participação de diversas áreas essenciais para a modernização do STH, incluindo as divisões de Engenharia de Manutenção Eletrônica e de Manutenção Eletrônica da Superintendência de Manutenção, as divisões de Montagem Eletromecânica, de Obras Civis e de Gestão de Contratos da Superintendência de Obras, além da própria área usuária, a Divisão de Estudos Hidrológicos e Energéticos da Superintendência de Operação. O trabalho teve a colaboração dos colegas do grupo de sistemas de suporte da Operação, que foram responsáveis pelo desenvolvimento de integrações significativas do sistema, como a integração com o sistema SCADA.

O projeto também contou com o importante suporte da área de Meio Ambiente da Diretoria de Coordenação da Itaipu que apoiou nos processos de licenciamento ambiental, para uso e ocupação das novas estações remotas localizadas em território brasileiro.

Outra ação relevante foi a atuação conjunta do grupo de suporte em planejamento e controle da Superintendência de Operação com o Departamento de Contratos da Diretoria Jurídica, para a atualização e ampliação dos contratos com os proprietários das terras onde as estações seriam instaladas. Nesta etapa, a Divisão de Apoio Operacional da Diretoria de Coordenação também apoiou, realizando contatos com os representantes dos municípios no caso das estações remotas que seriam instaladas em áreas públicas no Brasil.

STH e suas versões

O STH tem como objetivo fornecer informações hidrometeorológicas que possibilitem a supervisão da operação hidráulica da usina, além de auxiliar no planejamento e programação da geração de energia. A equipe da Divisão de Estudos Hidrológicos e Energéticos da Superintendência de Operação coleta dados de sensores pluviométricos e fluviométricos, instalados em estações remotas ao longo das bacias hidrográficas monitoradas pela Itaipu.

Essas informações são essenciais para acompanhar as condições hidrometeorológicas das bacias, elaborar previsões de afluências e monitorar possíveis eventos de cheia. Além disso, a Divisão de Operação do Sistema utiliza esses dados para realizar a operação em tempo real, garantindo a supervisão das condições hidrológicas e o cumprimento das restrições hidráulicas operativas da usina.

O engenheiro Luiz Maldonado, da Divisão de Estudos Hidrológicos e Energéticos, recorda que essa é a terceira versão do sistema de telemetria hidrológica da Itaipu: “O primeiro sistema foi instalado na época das obras da usina, em 1982, com o uso de sensor pneumático, transmissão de dados via rádio e repetidoras, totalizando 5 estações, sendo uma estação em Guaíra e outra em Capanema”.

A segunda versão do sistema entrou em operação em 2002, com ampliação da rede para os principais rios afluentes da bacia incremental, totalizando 40 estações remotas. Até aquele momento, a Operação da Itaipu utilizava os dados coletados pelos leituristas, três vezes por dia. Com essa atualização do STH, foi possível melhorar as previsões de afluência com a utilização de dados automáticos e horários na bacia incremental da Itaipu.

“Graças aos esforços das quatro superintendências da Diretoria Técnica e demais Diretorias parceiras no projeto, em 2024 o sistema foi ampliado para 58 estações do STH, em áreas onde não tínhamos informações hidrológicas. Essa nova configuração conta com um sistema mais robusto e moderno, equipado com sensores, dataloggers e um sistema de transmissão mais rápido e confiável”, acrescenta Maldonado. O novo STH terá um impacto positivo nas atividades de previsão hidrológica, programação energética e operação em tempo real, tanto em condições normais quanto durante cheias, contribuindo para a otimização da produção de energia e a segurança operacional.

Assessoria 

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