Notícias da Região | Abuso sexual
Segunda-feira, 25 de Agosto de 2025
Polícia identifica mais três vítimas do padre acusado de abuso sexual; última delas foi 15 dias atrás
O NUCRIA de Cascavel informou, por meio de nota que identificou mais três vítimas do padre preso na data de ontem (24), duas maiores de idade (33 e 20) e uma menor (16). De acordo com a polícia, o abuso sexual mais recente até o momento identificado aconteceu por volta de duas semanas atrás dentro da clínica com a vítima de 20 anos. Todas as vítimas são do sexo masculino. As vítimas já prestaram declaração na tarde desta segunda-feira (25).
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A ação da Polícia foi deflagrada pelo Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (NUCRIA) na manhã de domingo (24), durante a “Operação Lobo em Pele de Cordeiro”.
O religioso foi detido na casa da mãe, onde residia após ter sido afastado de suas funções eclesiásticas em agosto de 2025, em decorrência das investigações.
Segundo a Polícia, as investigações tiveram início em julho de 2025, após denúncia formalizada por uma tia de uma das vítimas.
A operação incluiu o cumprimento de mandados de busca e apreensão em dois endereços: a residência do acusado e uma clínica onde ele atuava como terapeuta, ambos em Cascavel. Foram apreendidos computadores e aparelhos telefônicos, que passarão por perícia.
De acordo com a Polícia Civil, com essas vítimas reveladas, são um total de 6 vítimas que foram identificadas, todas do sexo masculino.
O primeiro caso remonta aos anos de 2009 e 2010, quando o então seminarista teria tentado estuprar outro seminarista, que, embora maior de 18 anos, encontrava-se em estado de sonolência, condição considerada de vulnerabilidade pela legislação penal.
Este episódio foi comunicado ao arcebispo da Igreja Católica de Cascavel à época, mas, segundo a delegada, não houve encaminhamento do caso às autoridades judiciais ou policiais. O arcebispo, falecido em 2021, teria feito os envolvidos assinarem um termo de acordo para manter o caso sob sigilo, e há relatos de que ele próprio teria cometido assédio contra seminaristas.
Outro caso citado ocorreu entre 2013 e 2014, quando o padre já atuava em uma igreja de Cascavel. Há relatos de que ele oferecia bebidas alcoólicas, presentes e dinheiro a acólitos – jovens e adolescentes, alguns menores de 14 anos – que pernoitavam em sua casa e, segundo testemunhas, dormiam em seu quarto, inclusive em sua cama.
O caso mais recente ocorreu em 2019, envolvendo um jovem de 19 ou 20 anos, ex-usuário de drogas, acolhido pelo padre sob o pretexto de tratamento. Durante a estadia na casa paroquial, o jovem teria sido dopado e abusado sexualmente. A tentativa de suicídio da vítima, em dezembro do ano passado, e as graves sequelas decorrentes do ato motivaram a denúncia à polícia, dando início à investigação formal.
O religioso permanece detido na cadeia pública de Cascavel e poderá ser transferido para uma penitenciária.
As denúncias contra o padre incluem estupro de vulnerável, em razão das condições das vítimas na ocasião dos crimes: estado de sonolência, menoridade e uso de substâncias para dopá-las. A atuação da Igreja Católica local também é alvo de questionamentos, uma vez que denúncias anteriores teriam sido negligenciadas. Segundo a delegada, até o momento não há investigação formal contra membros da Igreja, mas, caso seja comprovada condescendência criminosa, essas pessoas poderão ser responsabilizadas.
A Polícia Civil segue com as investigações.
CGN








