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Terça-feira, 12 de Novembro de 2024

'Estamos a caminho de um suicídio planetário', alerta Carlos Nobre durante a COP29

Santa Helena sente as alterações climáticas com suas temperaturas aumentando cada ano

O climatologista Carlos Nobre, renomado especialista em mudanças climáticas, fez um alerta contundente durante a COP29, realizada em Baku, Azerbaijão: as ações globais até agora não são suficientes para evitar um aumento catastrófico da temperatura global. Nobre destacou que o Acordo de Paris, firmado para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, ainda está longe de alcançar suas metas. “Já estamos há 16 meses com a temperatura global 1,5ºC acima do período pré-industrial. Existe um enorme risco de ela não baixar mais”, afirmou Nobre, que considera o atual caminho das políticas climáticas uma trajetória de “suicídio planetário”.

Em cidades como Santa Helena, no Brasil, os efeitos das mudanças climáticas são cada vez mais perceptíveis, com temperaturas aumentando a cada ano. Segundo Nobre, as emissões de gases do efeito estufa continuam a crescer, sustentadas pela dependência de combustíveis fósseis, e mesmo que o planeta reduzisse essas emissões em 43% até 2030, ainda poderia alcançar 2,5ºC de aumento até 2050.

A urgência de novas metas e o papel do Brasil

A poucos meses do prazo final para atualização das metas climáticas, em fevereiro de 2025, poucos países revisaram suas ambições, apontou Nobre. O Brasil, próximo país-sede da conferência em 2025, apresentou uma nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) que prevê a redução de emissões nos próximos 11 anos, destacada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin na COP29. Nobre reforçou que a atual conferência deve debater seriamente o risco de um aumento de temperatura global de até 2,5ºC até 2050.

Desafios globais e adaptação para países vulneráveis

Além das ações para reduzir as emissões, Nobre destacou a importância de preparar países mais pobres e vulneráveis para enfrentar os eventos climáticos extremos, que têm se tornado mais frequentes e intensos. Segundo ele, furacões cada vez mais destrutivos atingem os Estados Unidos e o México, e chuvas extremas, como o recente temporal em Valência, na Espanha, resultaram em centenas de mortes. “Mesmo em países desenvolvidos, esses eventos são graves”, afirmou.

Consumo consciente e tecnologias sustentáveis

Nobre também destacou que o consumo consciente pode ser um aliado poderoso na mitigação dos impactos climáticos. No Brasil, 75% das emissões de gases de efeito estufa são causadas pelo desmatamento, principalmente na Amazônia e no Cerrado, e outros 25% vêm da agropecuária, sobretudo da pecuária. No entanto, ele lembra que já existem mercados frigoríficos que vendem carne proveniente de sistemas de produção de baixa emissão, com preços acessíveis, graças à lucratividade e produtividade da pecuária regenerativa.

A energia solar, segundo Nobre, é cada vez mais barata que a termoelétrica, e os carros elétricos se tornam economicamente vantajosos, especialmente considerando o alto custo dos combustíveis fósseis. “Comprar um carro elétrico ou carne de baixo impacto ambiental faz sentido economicamente”, concluiu o climatologista, incentivando o Brasil a assumir uma posição de liderança em práticas sustentáveis.

Correio do Lago com informações de Agência Brasil

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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