Celebrado em 23 de dezembro, o Dia do Vizinho convida à reflexão sobre uma das relações mais próximas, e muitas vezes, mais negligenciadas da vida cotidiana: a convivência com quem mora ao lado, na mesma rua ou no mesmo prédio.

Em um tempo marcado por pressa, muros altos e rotinas cada vez mais individuais, a ideia de vizinhança mudou. Nas grandes cidades, o medo e a insegurança transformaram o “bom dia” em silêncio e o desconhecido em distância. Há quem more anos no mesmo endereço sem saber o nome de quem vive na porta ao lado.

Ainda assim, em bairros tradicionais e cidades menores, a vizinhança segue viva. É ali que o café emprestado vira conversa, que a criança é cuidada pelo olhar atento do outro, que o portão aberto significa confiança. Nessas relações simples, a comunidade se constrói no cotidiano, não por obrigação, mas por presença.

O Dia do Vizinho também reconhece que convivência não é sinônimo de perfeição. Há divergências, diferenças e conflitos, mas é justamente no respeito e no diálogo que mora o valor da boa vizinhança. Pequenos gestos, como cumprimentar, ouvir e ajudar, transformam o espaço compartilhado em um lugar mais humano.

Em algumas regiões do país, a data ganha outro significado ao ser associada à poetisa Cora Coralina, cuja obra eternizou o cotidiano simples e as relações entre vizinhos como expressão de afeto, memória e identidade. A lembrança reforça que viver bem em sociedade começa perto, muitas vezes, do outro lado da parede.

Mais do que uma comemoração, o Dia do Vizinho é um convite. Um convite para reabrir portas, reconstruir laços e lembrar que a cidade também se faz com gentileza. Afinal, um bairro melhora quando as pessoas se reconhecem, e uma comunidade cresce quando ninguém vive como estranho onde mora.

CGN