Internacionais | Nepo babies do Nepal

Segunda-feira, 22 de Dezembro de 2025

Como fúria da Geração Z contra nepo babies do Nepal ajudou a derrubar governo do país

O Nepal viveu, no começo de setembro, uma fulminante revolta da Geração Z, motivada pelo contraste entre a ostentação da elite e a pobreza da população. O protesto de jovens derrubou o governo do país e foi visto em outros lugares, de Madagascar ao Marrocos, do Paraguai ao Peru.

Ao longo de dezembro, o g1 revisita as histórias mais malucas - e reais - publicadas em 2025. Veja o vídeo acima, leia o texto abaixo e explore outras reportagens no mapa ao final desta página.

Contexto: A onda de protestos que mergulhou o país no caos gerou imagens históricas na capital, Katmandu. Durante as manifestações, prédios governamentais e casas de ministros foram incendiados. Em cenas brutais, autoridades do governo foram arrastadas pela multidão e agredidas.

As manifestações foram fortemente organizadas por jovens da Geração Z. Esse é o nome popular dado às pessoas nascidas entre 1995 e 2009, com algo entre 16 e 30 anos.

 A desigualdade social é um dos principais pontos de descontentamento dos jovens nepaleses que levaram milhares de pessoas às ruas. Segundo o Banco Mundial, os 10% mais ricos ganham mais de três vezes a renda dos 40% mais pobres do país.

Vídeos e fotos que mostravam o estilo de vida privilegiado dos filhos da elite foram compartilhados em redes como o TikTok com a hashtag #nepokids - termo usado online para definir herdeiros de privilégios.

Os posts, que mostravam filhos e netos de políticos do Nepal em férias luxuosas e vestindo roupas elegantes, sugeriam que os jovens expostos lucraram com as conexões de suas famílias e os condenam, classificando-os como "hipócritas" em um país onde um em cada cinco vive na pobreza.

Jovens nepaleses já vinham se frustrando com essas instabilidades. Milhões foram obrigados a deixar o país para trabalhar em outros lugares da Ásia e até do Oriente Médio, enviando dinheiro para suas famílias que permaneceram no Nepal.

O governo bloqueou as redes sociais alegando disseminação de fake news e falta de cooperação das big techs com a Justiça. A medida, no entanto, foi vista por ativistas como uma tentativa de silenciar o crescente movimento anticorrupção online.
O bloqueio das redes fez com que milhares de famílias perdessem o contato com jovens que estão trabalhando no exterior.
Diante deste cenário, os jovens recorreram a outras redes que continuavam disponíveis no país, como Viber e TikTok. Foram nessas plataformas que os protestos foram mobilizados.
“Todo cidadão do Nepal já estava farto do governo corrupto do Nepal. A raiva contra o governo vinha se acumulando há muitos meses, mas o chamado para este protesto foi muito espontâneo”, afirmou à agência de notícias Reuters o influenciador digital Sandip, de 31 anos.
 Mesmo após a renúncia do primeiro-ministro, a escalada de violência continuou no Nepal. O país passou a ser comandado por um gabinete interino, que revogou o veto às redes sociais e tentou conter a crise deixada pelos protestos.

O país entrou numa fase de transição tensa, com presença militar nas ruas e instituições fragilizadas. A instabilidade política persiste, enquanto a Geração Z segue pressionando por renovação, combate à corrupção e investigação de abusos cometidos durante a repressão.

G1