Cotidiano

17.09.2015

TUDO O QUE PEDIRES...

É um assunto muito delicado.

Mas hoje eu respondi a um e-mail do gabinete do deputado Giacobo, do PR, Partido da República, do qual sou presidente local.

No mesmo e-mail cobrei uma posição sobre uma verba prometida para a área de agricultura, dentro das emendas parlamentares a que os parlamentares têm direito.

Me foi dito que não apareceu projeto no gabinete.Mas não é esse o cerne do meu raciocínio.

Comecei a pensar num aspecto muito intrigante o qual exponho, mesmo podendo sofrer alguma crítica e isso faz parte, porque também as faço, sempre procurando jamais ser injusto e abordando as ações e não a pessoa.

Santa Helena tem 50 milhões em caixa, vai faturar mais de 20 milhões acima do previsto este ano, principalmente em razão dos royalties de Itaipu, pagos em dólares e a moeda americana está nas alturas.

Dentro do princípio cristão de cuidar dos mais necessitados, será que uma verba para Santa Helena, em detrimento de outro município pobre como temos inclusive na nossa região, é justo?

Um dia, quando secretário de Saúde, fui a Curitiba pedir amparo maior para fazer frente a uma epidemia de dengue, a qual eclodia bem nos dias que assumi a pasta.

O então secretário estadual de Saúde, Claudio Xavier,  que acabou falecendo aos 48 anos, três anos depois, me recebeu no seu gabinete e fiquei literalmente envergonhado.

Xavier me disse: Vocês, que moram no paraíso dos royalties, precisam ajuda do Estado para enfrentar essa epidemia, citando inclusive gigantescas imagens de bronze.

Na ocasião fiquei meio cabisbaixo, a ajuda a mais não veio, pois na verdade queria aumento das cotas de AIH (Autorização de Internamento Hospitalar) de forma momentânea, para tornar legais os internamentos que fossem necessários em função da doença sob a forma mais grave.

Mas a reflexão veio à tona naquele momento.

E hoje, me volta este pensamento sobre a corrida de todos, inclusive eu, em busca de recursos para Santa Helena nas outras esferas de governo.

Pelo menos, temos que pensar um pouco nisso.

Confesso que àquela época, fiquei envergonhado e hoje também.



Elder Boff