Contando Histórias

19.06.2019

Professor João Rosa Correia entrevista Aivone dos Santos, em comemoração aos 50 anos da escola Graciliano Ramos

Em comemoração aos 50 anos da fundação da Escola Estadual Graciliano Ramos – Ensino Fundamental Séries Finais de Santa Helena, ocorrido neste ano de 2019, estamos realizando entrevistas com personagens que trabalharam nesta escola: ex-diretores, professores/funcionários aposentados, como forma de homenageá-los pelos serviços prestados à mencionada instituição de ensino.

Responsável pelas entrevistas, Prof. João Rosa Correia.

Entrevistada: Aivone dos Santos – Agente 1

Na segunda-feira, 15 de abril de 2019, entrevistei a Sra. Aivone dos Santos em sua residência localizada no Bairro Jardim Acásia Rua Angico nº 531 Santa Helena Paraná. Ela nasceu no dia 30 de Agosto de 1942 no município de Frederico Westphalen RS, filha de Alésio Braganholo e Dosalina Braganholo, agricultores do citado município. Frequentou os bancos escolares até concluir a quarta série primária (hoje ensino fundamental series iniciais) no mesmo município de nascimento. Os familiares de Aivone professavam a fé católica. Ainda criança auxiliava os pais nos afazeres do lar, bem como, nos trabalhos do campo, quer seja, plantando, limpando e colhendo cereais que produziam na propriedade da família.

Os anos se passaram e no dia 17 de fevereiro de 1964, Aivone uniu em matrimônio com Albino dos Santos no município que nascera. Após o casamento, o jovem casal foi residir e trabalhar nas terras dos pais de Albino, de nomes: Valdomiro e Pracedina Santos. No ano de 1966 os pais de Aivone migraram para Santa Helena, pois adquiriram 10 alqueires de terras na Linha Dois Irmãos (em 1982, esta localidade ficou submersa com a formação do Lago de Itaipu). No entanto, Aivone e esposo continuaram residindo em Frederico Westphalen e trabalhando na agricultura.

Conforme Aivone, sua sogra, Pracedina, era indígena. Quando ainda criança, a mesma foi capturada a laço e retirada de sua gente (tribo) por caçadores que caçavam animais silvestres próximo a aldeia. Disse Aivone que durante o período que conviveu com os familiares do marido no RS foram sem maiores atritos (cordeais), porque eram pessoas de fácil convivência, por isso, tinha muito apreço e admiração pelo sogro/a.

Aivone/Albino tiveram quatro filhos, os dois primeiros faleceram ainda crianças e os dois últimos: Vanderdei e Marinês cresceram normalmente, sendo que todos eles nasceram em Frederico Westphalen. Em 1970, Albino (esposo da Aivone) sofreu um infarte fulminante levando-o à morte. Após dois anos do falecimento do companheiro, Aivone resolveu migrar para Santa Helena onde foi acolhida pelos pais que residiam na Linha Dois Irmãos (interior de SH). Convivendo com os mesmos, os auxiliavam nos trabalhos de campo e ainda prestava serviço do lar (doméstica) para algumas famílias do distrito de Vila Celeste. Naquela época existia linha de ônibus que interligava Guaíra/Vila Celeste/Foz do Iguaçu, o que “facilitava” o deslocamento de Aivone da Linha Dois Irmãos até Vila Celeste para ir trabalhar.

O pai de Aivone que residia há anos na Linha Dois Irmãos conhecia muitas pessoas do município de Santa Helena, dentre estas, a família Santin. E, ao saber que estes estavam precisando de alguém para trabalhar na residência deles, indicou a filha Aivone para este trabalho. Em razão do conhecimento e da amizade que tinham, a família Santin contratou-a e assim Aivone passou a prestar serviços na residência deste pessoal.

Lembra a entrevistada que o médico Dr. Fernando Santin era criança no período que ela trabalhou para os pais deste profissional da saúde e acrescentou que, além de realizar diariamente as tarefas de casa, cuidava-o como fosse seu filho. Acredita ela que por conta disso, depois de várias décadas deste fato, o médico Santin ao encontrá-la cumprimenta de forma gentil e carinhosa, o que lhes faz sentir agraciada por este gesto.

No ano de 1973, o servidor público de Santa Helena de nome Cláudio convidou Aivone para trabalhar na prefeitura municipal, aceitou o convite e assim passou a prestar serviços como servidora pública. O prefeito de Santa Helena na época era Francisco Muniz. Neste emprego, trabalhava de segunda a sexta-feira, no entanto, por conta da dificuldade de deslocar da Linha Dois Irmãos (onde morava) até a sede do município teve que alugar uma residência na cidade de Santa Helena para conseguir conciliar trabalho na prefeitura, bem como, dos afazeres domésticos e cuidar dos filhos.

Na prefeitura realizava serviço de limpeza, preparava diariamente café no local de trabalho que ficava disponível aos munícipes santa-helenenses e demais pessoas que procuravam atendimento naquele local público. Além desses serviços, auxiliava as esposas dos prefeitos (primeiras-damas) na distribuição do leite repassado à municipalidade pelo produtor rural Belarmino/inmemoria (criador de gado leiteiro) de Santa Helena e nas entregas dos donativos (roupas, calçados, agasalhos, entre outros) às famílias carentes do município ou ficava anotando na ficha de controle individual (carteirinhas) os produtos que os mesmos recebiam. A distribuição dos produtos ocorria em uma das dependências administrativas da garagem da prefeitura municipal. Ao formar o Bairro Jardim Acácia, Aivone foi contemplada com uma casa, onde ali passou a residir. Neste Bairro foi instalado um ponto de entrega de alimentos às famílias carentes cadastradas desta comunidade, bem como, pesagens de crianças, pelos quais, Aivone e Eva, voluntariamente faziam esses serviços de interesse social, afirma a entrevistada.

Disse ainda Aivone que trabalhou na Pastoral Católica sob a coordenação da Sra Terezinha Prati preparando remédios à base de ervas medicinais (caseiros) para que fossem doados às pessoas de baixa renda do município que lá procurava atendimento para suas enfermidades. E, ao visitar os doentes de Santa Helena em suas respectivas residências, entregavam os medicamentos/caseiros para que o enfermo livrasse da doença que estava acometido. Por conta destes trabalhos foi possível conhecer um número expressivo de pessoas que residiam em Santa Helena durante o período que foi funcionária municipal. Por isso, passados muitos anos que lá trabalhou, ainda consegue reconhecer muitos santa-helenenses daquela época. Aivone disse que tinha consideração, estima e apreço às primeiras damas do município quando era servidora municipal, mas, destaca Sra. Terezinha Prates (esposa do ex-prefeito Naudé Pedro Prates) pelo respeito que ela dispensava aos funcionários da prefeitura e às pessoas que procurava por seu atendimento.

Ainda participou e concluiu o curso de Juiz de Paz, que tinha como integrantes Mauro Dotto, Vani, entre outras pessoas. Com a certificação, atuou em alguns eventos sociais no município de Santa Helena. A formação de Juiz de Paz tinha como finalidade formar cidadãos (ãs) para saber mediar conflitos (confusões) que acontecesse no local de festa que estivesse participando.

Ressaltou também que entre 1968 a 1974, a municipalidade alugou o outrora Hotel Frank (madeira) que ficava onde atualmente está o Banco Prime centro de Santa Helena que serviu de Prefeitura e Câmara de Vereadores. Na gestão administrativa do prefeito Francisco Muniz foi construído de alvenaria e de forma independente (1975) a Prefeitura e a Câmara de Vereadores. No decorrer dos anos, esses espaços foram sendo reformados/ampliados pelos prefeitos que sucederam Francisco Muniz. Aivone exerceu a profissão (serviços gerais) de 1973 a 1984 na prefeitura municipal, onde afirma que manteve com todos ex-prefeitos bom relacionamento profissional, pois, exerceu seu trabalho com responsabilidade.

No ano de 1985 Aivone participou de um concurso estadual e foi aprovada para o cargo de Serviços Gerais (hoje a nomenclatura é: Agente 1). A partir deste ano integrou ao quadro de funcionários da Escola Estadual Graciliano Ramos. Trabalhou nesta escola até o ano de 2001 quando conseguiu aposentar por tempo de serviço.

Disse ela que o maior desafio de trabalhar na escola era manter limpo (em ordem), toda a infraestrutura do Graciliano Ramos, pois naquela época frequentavam o educandário mil alunos nos períodos: matutino, vespertino e noturno, o que demandava muitos esforços do trabalhadores da escola do setor de limpeza, bem como, preparar e distribuir a alimentação adequadamente no recreio, uma vez que era reduzido o número de funcionários do setor referenciado.  Por outro lado, segundo ela, era muito gratificante o trabalho que realizava no Graciliano Ramos, porque ouvia dos alunos que a escola estava limpa, organizada e a alimentação que lhes serviam eram de agradável paladar. Para finalizar, disse que era muito bom observar no dia-a-dia a alegria e o sorriso estampados no rosto de cada educando.

Mensagem:

Todo serviço prestado à coletividade, independentemente de qual seja, se desenvolvido com dignidade é motivo de aplausos por aqueles que os recebem e de alegria daquele (s) que o executou/executaram. Aivone, não tenho dúvidas que a senhora se enquadra neste rol de ex-funcionária pública que desempenhou dignamente por várias décadas o trabalho que lhe foi confiado no setor público de Santa Helena.

Professor João Rosa Correia.

















































João Rosa Correia