Cotidiano

21.10.2007

OUTUBRO - 2007

Nem que a vaca tussa!

Esse termo foi usado recentemente pelo senador Arthur Virgílio para falar da famigerada votação da prorrogação da CPMF, o imposto que de provisório não tem nada. Mas a minha referência é em relação a outro tema latente dos últimos dias. Neste mês foi comemorado o dia do doador de órgãos e sou testemunho de um caso de necessidade de transplante de uma pessoa bem conhecida e que não exige anonimato. Luiz Carlos de Camargo, ou, o "vereador Camargo" de Santa Helena detectou há cerca de um ano que seus dois rins estavam falidos, reduzidos a quase nada. Inicialmente, aquela apreensão tomou conta do amigo, ainda mais que, ao consultar um profissional da área nefrológica, recebeu a notícia da necessidade do transplante, de supetão. Nada de preparação psicológica, tipo aquela história: "o gato subiu no telhado..." Foi de uma vez, sem dó e nem piedade. – Você vai ter que fazer transplante! – Não tem remédio, doutor? – Não, só transplante e pronto. Camargo não estava preparado para ouvir aquela notícia de forma tão ríspida e triste, mas teve que começar a busca de um rim. A regra básica é procurar um parente. Por sorte, tinha vários irmãos e não foi só um que se ofereceu para o início dos exame. Gerli Camargo, um irmão mais novo, dois rins super saudáveis, é compatível 100% com o irmão. Até aí, tudo bem. Sorte maior é que o rim a ser doado, tem a entrada de uma só veia e não duas ou três conexões venais, o que facilitará em muito o transplante. O Luiz Carlos está feliz, mas o Gerli, seu irmão, não se cabe em felicidade. Nunca poderia observar que tamanho amor pode emanar de um ser humano. "Tarcisio Miguel Koch, chefe de gabinete da prefeitura de Santa Helena, também já começou a fazer testes para doar um de seus rins para o irmão "Juca". Outra demonstração que nos serve de exemplo. Quantas pessoas fazem gestos desta natureza? São raros. A maioria, como preconiza o título deste artigo, responde em outras palavras: nem a que vaca tussa, nem depois de morto! Todos temos a oportunidade de doar órgãos, basta autorizarmos quando da confecção da identidade ou da carteira de habilitação.

Imagine só, amigo leitor, os laços de amizade, carinho e dedicação, que já eram enormes entre os irmãos, como ficarão depois deste ato de extrema bondade. Você doaria um rim para salvar a vida do seu irmão, da sua irmã, do seu pai, do seu filho? Quando for desta para a outra dimensão, que acredito ser eterna, tirem até o coração do Boff!

Elder Boff