O Andarilho

29.07.2011

“É VERDADE QUE O BRASIL é CHEIO DE GOIABAS?”

Me perguntam animadamente no bar do Joaquim, aqui ao lado do albergue no qual estou hospedado em Lisboa. “Goiabas?!” meio desconcertado pergunto eu: “É sim, igual a peixinhos do mar. Sabes?” respondem entre risos o Joaquim e a esposa Maria que, já antes de eu chegar, estavam tirando sarro do Manuel, casado com uma brasileira, sentado ali no bar.

 

Essa foi a minha recepção aqui em Portugal. A conversa seguiu muito bem humorada e logo me senti em casa. Como é bom viajar por um país que fala a mesma língua que você. É como visitar os primos distantes. Fui logo experimentando alguns dos quitutes locais que eram muitos e teria infelizmente que escolher. “O que posso comer seu Joaquim?” perguntei ao dono. “Não sei” respondeu o matuto. “Depende do que seu médico recomendou a si”. Bem, acho que terei de ser mais literal a partir de agora. “Dê-me então um desses pastéis salgados, um café e um pastelzinho de Belém para a sobremesa.”

 

É verão aqui na Europa. Bem verão, na verdade. Ontem fez 27 graus, muito sol e muita gente bronzeada pelas ruas da cidade. Ouvem-se idiomas do mundo inteiro. Há muitos brasileiros, africanos, romenos, espanhóis e os turistas de sempre: ingleses, holandeses, franceses e alemães.

 

As crianças brincam felizes nos parques como em qualquer lugar do mundo. As vovós olham a vida pelas janelas enquanto, nas varandas coloridas, mulheres abanam para o fotógrafo e pedem para serem fotografadas. Ouvem-se notícias de crise financeira, mas as pessoas seguem suas vidas, afinal, ela não pode parar.

 

Peruano tocando flauta tem no mundo inteiro mesmo. O mais triste para quem estudou um pouquinho de história foi encontrá-los tocando para turistas a música do filme “1492 - A Conquista do Paraíso” em frente ao monumento Padrão dos Descobrimentos (veja foto) construído para comemorar as conquistas das navegações portuguesas pelo mundo. Mas, pensei, para os músicos, sobrevivência deve ser mais importante do que aulas de história.

 

Mesmo cansado da viagem já fiz muita coisa. Caminhei muito e tirei muitas fotos. Vi exposições de fotografias e fui ao museu de arte moderna que tem várias obras de artistas famosos que eu havia estudado na época da minha faculdade em Santa Maria. Na verdade, caminhar em Lisboa é estudar história por osmose e rever o conteúdo das aulas do ensino fundamental.

 

Ontem me sentia tão feliz no primeiro dia dessa provável longa viagem de um ano que resolvi comemorar. Para isso, estando em Lisboa, nada melhor do que celebrar isso com comida. Jantei muito bem e sorria a cada nova garfada de um delicioso bacalhau desfiado com cebolas, azeitonas pretas, batata-palha, cenoura e especiarias. Para terminar, um cafezinho com cachaça. Cortesia da casa.

 

Enfim, o pá, (expressão típica) Portugal é muito porreiro (sarrista). Fixe mesmo. Raparigas de pernas bonitas e gajos em fatos de finos cortes. Não tem como acagaçar-se (amedrontar-se) com a vida nessas terras do nosso além-mar.

 

Abraços e até semana que vem.

Edson Walker