Cotidiano

27.10.2015

BRASIL: O FALSO RICO!

De uma leitora da coluna:

Não que não gosto de expressar minha opinião, mas se tratando de política é sempre delicado. Porém diante do momento de austeridade que vem por ai, não consigo me calar.

Quando digo que o Brasil é um falso rico, essa também é a situação de muitos brasileiros, e não estou me referindo aqueles que ostentam por pura luxuria, mas aqueles que com o falso crescimento do Brasil, experimentaram o gostinho de comprar um carro zero quilômetro, ou mesmo, realizar o sonho da casa própria.

De uns 10 a 15 anos para cá, a população em geral no Brasil, tem mudado de classe social e isso é comprovado em pesquisas apresentadas com grande louvor pelo governo. Isso é muito bom, se não fosse a farsa que esta por traz de tudo isso.

Todo o crescimento experimentado por nosso país (apesar do PIB fechar sempre abaixo da meta, e a taxa SELIC acima) sempre foi impulsionado por dinheiro publico, o que não é bom, por que se o governo emprestou de certa forma, uma hora ou outra vai pedir de volta, e essa hora chegou.

-Financiamentos para a agricultura tiveram taxas reduzidas e limites ampliados;

-Financiamento para compra de caminhões novos a taxas inacreditáveis para nível de Brasil, e liberação de até 100% do valor do bem;

-Financiamento de imóveis com programas que permitiram muitos realizar o sonho da casa própria, até liberação de valor para comprar a mobília;

-Redução e até eliminação do IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) por longos períodos, sobre eletrodomésticos e veículos;

- Redução de 18% na tarifa de energia elétrica em 2012, sem ocorrer o reajuste anual neste ano e nos seguintes 2013 e 2014, não houve reajuste nem para acompanhar a inflação;

- Ampliação de programas de transmissão de renda (Bolsa Família e similares);

Esses são só alguns dos atos do governo que proporcionaram essa falsa ideia que o Brasil iria se firmar no bloco dos países emergentes.

Não que a intenção não fosse boa, mesmo por que duvido que tenha alguém que não se beneficiou de alguma dessas ações. Mas o tiro saiu pela culatra.

O governo esperava e apostava que num passe de mágica o dólar iria congelar, que a crise que abalou Estados Unidos em 2008 e atingiu a Europa nunca iria chegar ao Brasil, as exportações iriam crescer, que o país deixaria de ser só um mero exportador de produtos primários, que as indústrias iriam se modernizar e abrir milhares de novas vagas, e com carteira assinada, diga-se de passagem.

Mas nada disso aconteceu, e não vai acontecer sozinho. As políticas não estão voltadas para o crescimento real do país em longo prazo, são apenas medidas de curto prazo, paliativas.

E para aqueles que tanto criticam os programas como Bolsa família, saibam que esses outros atos, não tem um fundamento muito diferente.

Apesar de não ter votado na Dilma e não ser a favor das políticas do governo do PT, lamento em dizer que mesmo com esse impeachment que tantos acreditam que possa ocorrer, as coisas não vão mudar muito, não tão cedo.

A lambança tá feita e a sujeira precisa ser limpa. Mesmo que o candidato Aécio Neves tivesse sido o eleito, teria que apertar os cintos e fechar as torneiras para por a casa em ordem.

O momento atual que o país esta vivendo, não é só reflexo de um ou outro mensalão ou propinas pagas pela estatal Petrobrás, é resultado de vários anos de má governança tanto política quanto monetária, e, mais uma vez a população é quem está pagando o pato, voltando a andar de bicicleta e abrindo a janela para desligar o condicionador de ar e talvez.

Mas como diz o ditado, é pra frente que se anda. E antes tarde do nunca!

Por Rosimeri Wagner


Elder Boff